“Vadico”, conto do escritor Edilberto Coutinho, faz parte
do livro “Maracanã, adeus: Maracanã, adeus: onze histórias de futebol”, que foi
lançado em 1980 pela editora Civilização Brasileira. José Edilberto Coutinho
nasceu no dia vinte e oito de setembro de 1938 em Bananeiras, localizada na
Paraíba. Formou-se em Direito, mas não chegou a exercer a profissão, ele também
era jornalista, diplomado pelo Word Press Institute, escreveu em importantes
revistas e jornais brasileiros e foi correspondente na Europa e nos Estados
Unidos. Também foi professor universitário e, obviamente, escritor. Seu
primeiro livro se chamava “Onda boiadeira e outros contos” e foi lançado no ano
de 1954. Em 1970, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Pela atuação nos meios
intelectuais e literários, Edilberto conquistou vários prêmios, tanto no Brasil
como no exterior. Ingressou na Academia Paraibana de Letras no dia vinte oito
de março de 1982. Ele faleceu em Recife, no ano de 1995,
e seu último livro foi “Bar Savoy”, uma obra póstuma.
O
conto é narrado em primeira pessoa por um senhor que refere-se a si mesmo como
um “velho perdido na bosta da vida com catarata numa das vistas” e possui dois
cenários, o bar e a praça. Vadico, que quer dizer Cem Pés, foi um artilheiro de
muito sucesso, teve mais de 12 anos de carreira e dividiu campo com craques
como Pelé, Garrincha e Gérson. Ele foi obrigado a parar de jogar devido a uma
lesão no joelho que, inicialmente, não apresentava perigos e ele só precisaria
de poucos dias de recuperação, mas o tratamento à base de infiltrações e
exercícios havia fracassado e a única alternativa era uma cirurgia. Dois meses
se passaram e pouca coisa havia mudado, o joelho do craque continuava dolorido
e ele não conseguia mexer a perna, o seu pesadelo começa quando o médico lhe dá
uma triste notícia: “Você não pode mais jogar”.
O
senhor com catarata conheceu Vadico na praça, já “um velho desprezado como eu”,
e como “contar histórias é ocupação de velho” ele ouviu algumas histórias
inacreditáveis, mas que foram confirmadas com o filme sobre a carreira do
jogador que estava passando no bar enquanto ele foi tomar café. No bar, o
senhor também conheceu uma moça que, aparentemente, admirava o trabalho de
Vadico e gostava bastante de conhaque. O assunto da segunda conversa entre
Vadico e o narrador-personagem foi o filme que estava reprisando no programa
“Fantástico Show da Vida” e Vadico apenas falou que “contar histórias é
ocupação de velho”, frase que foi usada pelo senhor na primeira conversa. O
filme passou de novo na televisão, mas não para lembrar sobre os “ídolos do
passado”, e sim por causa do que Vadico fez ontem, todos os jornais estavam
divulgando a notícia do suicídio de um dos maiores jogadores. Era possível ver
títulos como esses: “O famoso Cem Pés se libertou com as próprias mãos” ou
“Vadico, o famoso ídolo do passado suicida-se com um corte de navalha no
pescoço”. O senhor, cansado, levantou-se para pagar e, finalmente, ir para
casa, mas ele percebe que a moça estava debruçada no balcão segurando um frasco
pequenino, de onde rolou uma pílula verde, apenas uma, pois as outras ela tinha
tomado com conhaque cometendo suicídio.
Em
suma, o conto “Vadico” pode ser lido por qualquer pessoa de qualquer idade, mas
é bom saber que é voltado para um público que gosta de futebol e essa é a
importância do conto, não há muitos livros que retratem o esporte e “Maracanã,
adeus: onze histórias de futebol” escolhe o futebol como assunto principal. A
história não é muito grande, ou seja, não é cansativa, porém não é muito
interessante, você vai preferir ler um livro com mais ou menos seiscentas
páginas falando sobre mitologia grega e semideuses ou sobre uma escola de
bruxos do que ler um conto com poucas páginas. O conto retrata de uma maneira
correta como a população esquece rápido os artistas da sua época e nos dias de
hoje isso é mais que comum e não precisa passar tanto tempo, pois com a
facilidade da Internet todos os dias tem alguém com um novo talento que faz
sucesso e logo é esquecido. A história também fala da maneira em que tratam os
idosos como no episódio em que um rapaz jovem fala para o senhor com catarata
que “velho tem cheiro de égua” ou quando o narrador-personagem fala que Vadico
é um velho desprezado que nem ele. Outro assunto abordado pelo autor do conto é
o suicídio, já que Vadico corta o próprio pescoço com uma navalha e a moça
engole remédios em uma quantidade não recomendada, a vidas deles era tão
medíocre e infeliz ao ponto deles sentirem vontade de tirar suas vidas com suas
próprias mãos, Vadico teve seu sonho interrompido por um jogado chamado Adiei
que contribuiu para que ele machucasse o joelho e a moça que ia para o bar de
um português beber conhaque tendo a companhia de um velho com catarata enquanto
assistia um filme sobre a carreira não tão sucedida de um ex-jogador de
futebol.
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