Sonia Coutinho. Os melhores contos de Sônia Coutinho
Nascida em Itabuna,BA, em 1939, escritora, jornalista, e
tradutora. Participou do International Writing Program em Iowa-USA, tendo sido
escritora-residente na universidade do Texas, a convite daquela instituição. Em
1994, ganhou o grau de mestre em teoria da Comunicação, com a tese- ensaio
Rainha do Crime- ótica feminina, um romance policial. Sua obra revela o modo de
ser e pensar da mulher, que é o interesse da crítica.
A história retrata a situação de duas mulheres, que se
multiplicam como uma Hidra, Lana e um outra, talvez Melissa, Dorotéia, ou
Tereza. Alguém que talvez nem seja uma mulher, talvez um espelho. Mas a
história começa com Lana Turner, uma estrela de Hollywood, uma figura de
ruptura na sociedade daquela época, com um papel de “poder” de “homem”, foi uma
bela mulher, assim como a que folheava uma revista a respeito de Lana na
varanda.
E, traçava assim seus parentescos e diferenças. A reportagem
da revista, lembrava a trajetória sofrida e glamorosa, seus maridos, início de
carreira, amantes, a perda da virgindade, se houve ou não o “prazer”, e as
versões sobre a morte do amado. A matéria lembra da dolorosa morte do pai de
Julia Jean, mais conhecida como Lana, do surgimento de sua carreira, de seu tão
conhecido nome. O trauma, a dor, a felicidade, tudo em uma só vida. Iniciada em
8 de fevereiro de 1920, mesma data da tal Dorotéia, e sua filha,
Cheryl. Como se houvesse por baixo da história de Lana, uma outra, ou
várias outras, conectadas e entrelaçadas.
As tentativas de suicídio
tão presentes em Lana e em Tereza,
que sempre acabavam em hospitais. Mas, o foco da reportagem apontava para a
morte de Johny Stompanato, o homem que Lana tanto amou e se apaixonou, fugiu. Branco e puro como um
pão, procurado, e Lana que tentava livrar-se do gangster que roubou seu
coração, e se recusava a ir. As brigas, tão presentes entre os dois e que eram terríveis.
Até que um dia, com medo das ameaças sofridas pela mãe,
Cheryl, agora com 14 anos esfaqueou
Johny, causando sua morte. Vieram os processos contra a filha, que foi
encaminhada para um reformatório. Chegou assim, a infelicidade de Lana, que
sofreu e chorou, encontrando solução no whisky e nos amigos que algumas vezes
apareciam, e lá estava ela, só, folheando uma revista na varanda, assim como
Melissa.
O conto retrata a história de uma mulher, sem face, mas que
conhece Lana como à si mesma, de uma estrela de Hollywood que passou por altos
e baixos, de um romance que teve um fim trágico. Uma história que sempre acaba
no mesmo lugar. Um conto muito bem escrito, e que recomendo, por ser tão
interessante e inovador, que fará com que o leitor tenha vontade de lê-lo mais de
uma vez.
-Autoria de Manuela Fraga
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